Resenha

Caros cineclubers, como citado nas postagens anteriores, o próximo filme a ser discutido é o aclamado "Cléo das 5 às 7" de Agnès Varda. A narrativa aborda um tema que a princípio, parece banal, mas que se torna passível de gerar pânico: a possibilidade de um câncer.


O filme se passa em um período de duas horas, nas quais a personagem principal Cléo, interpretada por Corinne Marchand, aguarda o resultado de seu exame que lhe fornecerá o diagnóstico de uma possível doença no estômago. Durante esse período, diversos acontecimentos apontam que a jovem artista deve aproveitar mais a vida e suas oportunidades.


Por conta de sua agonia, Cléo passa as duas horas andando sem rumo pelas ruas de Paris, observando situações que, em seu cotidiano, provavelmente não teria notado. O curioso, é que a narrativa se passa em um período de tempo extremamente curto, indicando como somos capazes de perceber o tempo mais longo quando nos permitimos adentrar nossa própria mente, dando espaço para os pensamentos, mesmo que de caráter ansioso e angustiante. Desse modo, o longa é como um flashback da vida da personagem, mas não retratado por suas memórias, mas sim por suas sensações.


"Cléo das 5 às 7" é uma obra atemporal. Mesmo 60 anos após seu lançamento, ainda é extremamente atual a forma como aborda a relação entre a vida, a morte e a posição feminina no mundo.

Texto: Pessoa

Imagem: Outra Pessoa