Resenha do filme Uma história de amor e fúria
Lançado em 2014, dirigido por Luiz Bolognesi, de “As melhores coisas do mundo” e “Bicho de sete cabeças”, a animação conta a trajetória de Abeguar (voz de Selton Mello) e sua amada Janaína (voz de Camila Pitanga). Na história, acompanhamos a dupla protagonista. Após serem brutalmente assassinados por colonos portugueses, eles começam a reencarnar em diversos momentos cruciais da história brasileira, como a ditadura militar por exemplo. A dupla sempre reencarna na posição do oprimido, como pessoas escravizadas, guerrilheiros, etc.
O filme coloca os protagonistas na posição do oprimido porque nós historicamente sempre contamos a história do ponto de vista do vencedor, que muitas vezes é o opressor. Então é muito importante a reparação histórica que o filme faz. O filme também não se contém na hora de mostrar a violência que construiu o Brasil atual. Uma das coisas que mais impressionam é como o filme consegue oscilar entre o sossego das cenas de romance e a brutalidade dos massacres que acontecem. Com isso consegue controlar como nos sentimos e reagimos a cada cena.
É muito interessante também como o filme altera suas cores conforme as épocas, por exemplo na parte final, a paleta é mais “tecnológica”, com muito azul e preto. Já na parte que trata da escravidão, a paleta é mais amarelada.
Uma História de Amor e Fúria é didático no sentido em que simplifica relações e conflitos: tudo se resume a ação e reação. O filme impacta por não deixar que o espectador se apegue à nova encarnação dos protagonistas.
O principal ponto em apresentar esse filme às famílias e alunos da Escola Viva é discutir um assunto tão importante. O Brasil atual foi construído por muita luta e revolta. Para o público jovem, que ainda está em fase de formação da própria visão de mundo, “viver sem conhecer o passado é viver no escuro”.
Benjamin Savoia